Como fica a cabeça do ser humano após matar uma pessoa?
Estamos falando
de assassinos em série? Criminosos passionais? Não necessariamente. E se a
profissão do indivíduo o colocar em situações que permeiam a vida e a morte?
Pois bem, muitas vezes alheia a nossa realidade esta é a realidade dos
profissionais da polícia.
Sair de casa
sem saber se irá voltar. Em tese essa pode ser a realidade de qualquer pessoa,
porém, para os policiais esta possibilidade de não retornar pra casa, é algo
muito mais eminente.
E quando ao
voltar pra casa ele carrega na consciência o peso de uma morte que não pode ser
evitada? Ah, isso também ocorre com os médicos, mas a função destes é
justamente lutar pelo contrário e a sua formação promove uma preparação
psicológica envolvendo o fenômeno da morte. No caso do policial, a morte que
não pode ser evitada muitas vezes foi causada por uma bala disparada pelo seu
próprio revolver.
Infelizmente,
a realidade brasileira é muito diferente, por exemplo, da realidade americana
retratada no filme Os Infiltrados (The Departed, 2006, Martin Scorcese) onde os
personagens de Matt Damon e Leonardo Di Caprio - um policial corrupto e um
policial infiltrado - se consultam regularmente com a psicóloga vivida por Vera
Farmiga, após viverem situações críticas no trabalho. Acontece que no Brasil,
com morte no currículo ou não, com situação de confronto ou não, na maioria dos
casos os profissionais da lei não recebem o acompanhamento psicológico adequado
e isso implica no alto índice de afastamento por problemas psicológicos que vão
de stress à depressão profunda, além de casos de esquizofrenia que podem levar
a homicídios indevidos e em alguns casos até ao suicídio.
Pois bem, além da falta de acompanhamento psicológico, as condições de trabalhos muitas
vezes precárias desses policiais acabam resultando em tais tragédias sem
reversão. Sei que é fácil e muita vezes justo só julgar os casos de corrupção
da polícia e todo um sistema que muitas vezes não funciona, porém, escrevi este
texto para despertar uma reflexão para quando alguém se deparar com um mal
comportamento de um policial, lembrar que não deve ser fácil viver em perigo
eminente ou deitar na cama e lembrar de uma morte que você mesmo causou e que
independente de usar farda ou não, andar armado ou não, o cérebro humano é tão
complexo para os cidadãos comuns quanto para aqueles que carregam um
distintivo.
Mais Psicologia
relacionada a realidade atual: curta A
Regra do Jogo no Facebook.
Macabro, muita boa a comparação com o filme. Otimo post!
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